ESTÁ TUDO BEM NÃO ESTAR BEM

Tenho observado muitos amigos, familiares e pacientes se queixando a respeito das alterações do humor e de produtividade durante a pandemia. Isso já aconteceu com você?

Vivemos um momento de muitas dúvidas, incertezas, frustrações. É bastante natural que se constitua um cenário favorável a sentimento de impotência, de decepção e insatisfação. Somos bombardeados por diferentes emoções (negativas na sua grande maioria) todos os dias: noticiários, falecimento de um amigo ou familiar, adoecimento de pessoas queridas. Em meio a tantas perdas é comum que o sentimento de frustração vá além desses eventos e acabe por nos inundar com um sentimento definitivo de tristeza, o que pode ser avassalador.

Gastamos muito do nosso tempo e de nossa energia mental com idealizações que acabam por nos frustrar quando não são atingidas. Idealizamos uma vida e um mundo sem dor ou sofrimento e passamos tanto tempo em busca de uma felicidade constante e plena que não nos damos conta de que ela não existe.

Todos nós sofremos. O sofrimento EXISTE!

O sofrimento pode ter diferentes nomes, ter as mais variadas razões e proporções. Mas o fato é que ele faz parte da nossa existência. Ele não é um “privilégio” meu, seu, ou de alguém. Ele é o universal. Isso significa que o sofrimento é da condição humana. Em algum momento ele vai nos abraçar. E não existe nada que a gente possa fazer para evitá-lo. Na verdade, nem devemos.

Se não podemos anular o sofrimento o que fazemos então? Devemos nos contentar com essa condição?

Algumas pessoas escolhem esse caminho. Sim, escolhem. Reforço essa posição. Porque embora seja um fato que não escolhemos que o sofrimento exista, mas também é real que podemos vivê-lo de diferentes maneiras. Se nos colocarmos na posição de quem apenas aceita o sofrimento de maneira condescendente estamos fadados ao vitimismo. Nos colocamos de maneira impotente diante do que nos causa dor e, inevitavelmente, perpetuamos aquilo que não nos faz bem.

Não vamos acabar com a dor. Mas podemos focar em colocar um fim na fixação que nos prende no que nos levou a sofrer. Quanto mais nos debatemos em determinada situação, quanto mais buscamos explicações do porquê ela nos acometeu, mais apego criamos em relação ao que nos aflige.

Tudo é questão de perspectiva. Se entendemos a dor como inevitável vivemos sabendo que, em algum momento, ela fará parte de nossas vidas. Quando ela chega não criamos um terreno fértil para que ela floresça. Encaramos, ainda que nos dê medo. Então o que muda é a forma como olhamos para a nossa realidade. Deixamos a posição de vítimas para a posição de protagonistas da nossa história. Porque atribuímos ao sofrimento o caráter temporário e não permanente. Seu sentido passa a ser o de aprendizado e possibilidade de crescimento pessoal e não o de tortura ou injustiça.

Sendo assim, que a gente possa silenciar por alguns minutos e refletir a respeito de como encaramos nosso sofrimento e os sentimentos negativos que aparecem associados a ele. Trabalhar a aceitação de sua inquestionável existência, sem negá-lo. Pois negá-lo é negar a própria essência humana.

Que tal pensar sobre isso?

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